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Ao que
tudo indica, a Casa do Mel de Alto Araguaia será realmente utilizada para o
processamento de mel e seus derivados, como era de se esperar. O espaço está
pronto há quatro meses, mas ainda não foi inaugurado porque falta produção. O
secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do município, Dimas Gomes
Neto, 62 anos, admitiu que a Prefeitura planejava readequar o prédio recém
construído e transformá-lo em um canil.
No
entanto, na segunda-feira (21), durante uma reunião na Câmara de Vereadores da
cidade, foi criada a Associação de Apicultores do Vale do Araguaia, que será
responsável pela administração e uso da Casa do Mel no âmbito, justamente, da
produção apícola, freando qualquer destinação diversa do espaço.
“Nós tínhamos
a necessidade de ter aqui um canil para fins de zoonoses, porque a atividade
(produção de mel na Casa do Mel) estava totalmente parada e nós não estávamos
tendo espaço suficiente para isso (canil). Então foi sugerido que lá fosse
transformado em um centro de zoonoses”, explica o secretário.
Segundo
foi ressaltado na reunião, embora o município possua um potencial apícola
interessante, poucos são os produtores locais que se dedicam à criação de
abelhas. São apenas 24 atualmente. Consequentemente, a produção é muito
pequena, inviabilizando o funcionamento da Casa do Mel, cuja obra foi
autorizada em 2011 e custou quase R$ 400 mil do Governo Federal, com contrapartida
do município (na aquisição da área e equipamentos de beneficiamento do mel). A casa tem cerca
64,80 metros quadrados e está localizada na Rua A do Distrito Industrial.
A reunião
de segunda-feira foi convocada pela Secretária de Agricultura, teve início às
21h e terminou por volta das 22h35. Participaram em torno de 25 pessoas, entre
elas vereadores, pequenos produtores rurais, um representante da Universidade
do Estado de Mato Grosso (Unemat), campus de Alto Araguaia, e alguns
comerciantes.
Após discussões
sobre o processo de criação de abelhas - do ponto de vista técnico e
mercadológico - os presentes à reunião aprovaram o Estatuto Social da nova associação
de apicultores e escolheram os membros da diretoria e do conselho fiscal.
O estudante
de Letras da Unemat local, técnico agrícola e apicultor Raimundo Nonato Ribeiro de Souza, 25
anos, paraense da cidade de Redenção e há dois anos morando em Alto Araguaia,
foi votado como presidente. Ele possui formação técnica na área de apicultura e
já foi, inclusive, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
do Pará, no ensino de práticas de criação de abelhas. Desde que chegou à cidade,
Souza luta pela ampliação da produção apícola no município.
“Só
através de uma sociedade civil organizada é possível gerar um projeto dessa
natureza, como a Casa do Mel, que só pode ser gerida por uma associação de
produtores. É necessário passar por esse processo (criação da associação). Importante
que nós contaremos com a cooperação da UFMT de Barra do Garças (MT), que já
trabalha há muito tempo com apicultura e disponibilizou um
professor-pesquisador para nos ajudar e incentivar a produção por aqui”,
declara Souza.
Conforme
o secretário de agricultura, o Senar em Alto Araguaia já treinou cerca de 80
pessoas para atuarem na apicultura. Agora, o principal desafio da associação de
apicultores é fazer com que esses sujeitos decidam investir na atividade apícola
e se tornem criadores de abelhas, aumentando a produção de mel e seus
derivados, o que vai viabilizar a utilização da Casa do Mel. Afinal de contas,
não há Casa do Mel, sem mel!
Para
Dimas, se tudo ocorrer dentro do previsto, em cerca de seis meses a Casa do Mel
será inaugurada, com o início das atividades de beneficiamento do produto. Segundo
ele, é preciso aguardar o tempo necessário para que os produtores comecem a
atividade e as colmeias estejam no tempo certo para extração do mel.
Raimundo
ressalta que a associação vai lutar por todos os selos de qualidade (no âmbito
municipal e federal) e será responsável pela negociação da produção.
“O
apicultor coleta o mel no apiário e o transporta até a Casa do Mel, de uma
forma segura e com a qualidade de higiene. E quando chega à Casa do Mel, o
produto vai ser centrifugado, decantado, envasado e comercializado de forma
digna tanto para o consumidor quanto para o apicultor”, comenta o novo
presidente, ao falar que o espaço vai funcionar como uma pequena agroindústria.
MEMBROS DA DIRETORIA E DO
CONSELHO FISCAL
A sede da
associação de apicultores será a própria Casa do Mel. A diretoria da entidade
ficou definida da seguinte forma:
Diretoria
Presidente:
Raimundo Nonato Ribeiro de Souza;
Vice-presidente:
Adriana Bertani da Costa;
1°
Secretário: Luiz Alberto Oliveira Silva;
2°
Secretário: Roseli Sauressig Scherer;
1°
Tesoureiro: Hélio Borges da Silva;
2°
Tesoureiro: Francisco da Cruz Vieira Neto.
Conselho Fiscal:
Dimas
Gomes Neto;
Jorge Antonio
de Melo;
Edvaldo
Souza Porto.
NEGÓCIO RENTÁVEL
Segundo
pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), adaptada pelo Trabalho em Pauta levando em conta o
estado de Mato Grosso, para iniciar a atividade o interessado vai gastar menos
de R$ 10 mil reais, considerando a aquisição de 64 caixas e a compra dos
principais equipamentos: fumigador, botas, luvas, macacões, entre outros.
Já o
custo de manutenção anual do apiário
gira em torno de R$ 3 mil, o que inclui mão-de-obra, alimentação e arrendamento
da área (se for o caso).
As
receitas do negócio advêm da comercialização da produção obtida, sendo que as
64 caixas em questão possibilitam a obtenção anual de 2.304 kg de mel (36 kg/colmeia/ano).
A venda do mel colhido por R$ 30 (preço médio anual do litro do mel recebido
pelos apicultores na região, segundo Raimundo Nonato) gera uma receita anual de
R$ 49.371.
Fonte: Trabalho em Pauta.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 23/09/2015.
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