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Unknown
Blog
do Acessuas Trabalho
26/05/2015
Médico diz que certeza de vida melhor foi motivação para continuar os estudos. (Foto: Jessé Soares / Arquivo Pessoal). |
"A senhora pode
ficar tranquila, tome este remédio que o bebê está bem", recomenda o
médico Jessé Soares a uma paciente que procurou atendimento no hospital de
Limoeiro do Ajuru, onde o jovem trabalha há cerca de um mês. "Ela está
grávida e caiu, mas vai ficar tudo bem", explica.
Assim como sua paciente,
a trajetória do médico também teve momentos em que foi preciso levantar para
ver tudo ficar bem: o jovem que vendia bombons nos ônibus de Belém para pagar
as despesas com material da faculdade de medicina da Universidade do Estado do
Pará (UEPA) concluiu o curso e conseguiu seu registro profissional na última
quarta-feira (20).
"Foram vários
momentos em que batia uma angústia de querer estudar e não ter condições, mas
sempre vinha um sentimento de que, quando eu terminasse, as coisas seriam
melhores. E estão melhorando", comemora.
Casado e pai de duas
meninas, Soares diz que espera receber o primeiro salário para poder comemorar
a conquista com amigos e a família. "A cerimônia na universidade foi
simples, agora aguardo o fim do mês para receber e fazer uma comemoração com os
amigos", disse.
Segundo Soares, o próximo
desafio é escolher uma área de especialização, que pode ser oncologia ou
neurocirurgia. "Estou estabilizando minha vida para fazer residência. Eu
quero oncologia ou neuro, que são áreas que exigem bastante dedicação e estudo.
Ainda não decidi se vou fazer as provas no final do ano ou em 2016",
relata.
Determinação
Jovem divulgou uma foto sua com a mensagem 'Jessé Soares: estudante de medicina e vendedor de rua" para conseguir doações para concluir o curso (Foto: Jessé Soares / Arquivo pessoal). |
Soares nasceu em Limoeiro
do Ajuru, cidade com 25 mil habitantes localizada no nordeste do Pará, perto da
ilha do Marajó. Ele conta que passou mais da metade dos seus 25 anos no
município, completando o ensino médio graças ao esforço da mãe, agente
comunitária de saúde, e do pai, carpinteiro. Como outros ribeirinhos, Soares
aprendeu a pescar, colocar armadilhas no rio para capturar camarões, subir no
açaizeiro, e as técnicas da marcenaria para produzir móveis e utilitários.
Sua primeira aprovação no
ensino superior foi no curso de licenciatura em física, mas a pontuação obtida
pelo então calouro garantiria vagas em cursos mais concorridos - foi daí que
ele decidiu, em 2009, tentar cursar medicina.
O jovem foi aprovado e se
mudou para um quitinete no bairro do Guamá, em Belém. No mesmo ano, a namorada
dos tempos de cursinho ficou grávida da primeira filha do casal. Com isso,
aumentaram os gastos, e o jovem precisou completar a renda vendendo bombons por
R$ 0,50 nos coletivos da capital.
Porém, o tempo que o
jovem gastava nos coletivos limitava as horas disponíveis para o estudo. Para
conseguir se graduar, Jessé fez uma campanha nas redes sociais em 2013, arrecadando
dinheiro suficiente para se manter até o final do curso.
Segundo Soares, sua
dificuldade serviu de motivação para garantir o futuro das filhas Ewelyn e Ana
Clara. "Eu vou investir na educação delas, para que não aconteça com elas
o que aconteceu comigo. A minha história é legal porque terminou bem, mas não
desejo o que eu passei para ninguém. Espero que elas tenham uma vida mais
fácil", disse.
Fonte:
G1.
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