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De janeiro de 2012
até maio de 2015, os postos de trabalho no município diminuíram 3,62%, na
contramão do Estado e do país.
Se
no ano passado a economia brasileira cresceu pouco e as ofertas de trabalho no
país diminuíram, em Alto Araguaia o sinal de alerta deveria estar ligado há
muito mais tempo, pois o desemprego na cidade aumenta vertiginosamente desde
2012. O município fechou os últimos três anos no vermelho e ao final de todos
eles o balanço mostra que a quantidade de demissões foi maior que o número de contratações.
Em Alto Araguaia, as estatísticas revelam que de janeiro de 2012 até maio de 2015 foram efetuadas 4.161 admissões contra 4.473 dispensas, o que representa uma redução de 3,62% na quantia de postos de trabalho ao longo desse período. Ao contrário, tanto o Mato Grosso (com aumento de 1,15%) como o Brasil (crescimento de 1,06%), apresentaram saldo positivo na geração de empregos quando considerada a mesma época. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Em Alto Araguaia, as estatísticas revelam que de janeiro de 2012 até maio de 2015 foram efetuadas 4.161 admissões contra 4.473 dispensas, o que representa uma redução de 3,62% na quantia de postos de trabalho ao longo desse período. Ao contrário, tanto o Mato Grosso (com aumento de 1,15%) como o Brasil (crescimento de 1,06%), apresentaram saldo positivo na geração de empregos quando considerada a mesma época. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O
percentual de 3,62% (equivalente a 312 postos de emprego a menos) pode até
parecer pequeno em um município com um pouco mais de 17 mil habitantes. Mas em
uma comparação hipotética, se o estado tivesse reduzido 3,62% das suas vagas de
trabalho nesse período, 55.138 empregos deixariam de existir. No Brasil,
o mesmo percentual corresponderia a mais de 2,5 milhões de desempregados.
ESCASSEZ DE
VAGAS
O
resultado negativo na geração de empregos pode ser facilmente percebido na
agência municipal do Sine no município, entidade responsável pela intermediação
de mão de obra com as empresas. Diariamente, 20 pessoas em média procuram o
órgão em busca de uma oportunidade e outras 20 telefonam com o mesmo objetivo.
Porém, o Sine tem anunciado apenas de duas a seis vagas semanalmente, número
bem inferior à quantidade de candidatos. Em raríssimas vezes a quantia de
oportunidades é maior.
Já
houve semanas também, principalmente em março, abril e maio, nas quais a
instituição sequer divulgou uma única vaga de trabalho nova. O quadro de
ofertas de trabalhou chegou a permanecer inalterado durante 10 dias, sem
nenhuma novidade.
A
pergunta que os atendentes do Sine mais ouvem durante o dia é: “tem vaga de
emprego?”. Com muito pouco para falar, os funcionários se limitam a pedir que
os interessados olhem o painel das escassas vagas. No final, a maioria dos
desempregados sai da agência com um profundo desânimo, perceptível na expressão
facial, e o drama continua ao perceberem tamanha a dificuldade para encontrar uma
chance de trabalho na cidade.
REDUÇÃO DAS
OPERAÇÕES DO TERMINAL FERROVIÁRIO
Para
o ex-presidente da Associação Comercial e Industrial de Alto Araguaia e Santa
Rita do Araguaia (Aciais), Itamar Corrêa de Oliveira, 41 anos, a crise de
empregos está atrelada a redução das operações do Terminal Ferroviário de Alto
Araguaia, gerido atualmente pela Rumo ALL. “A gente lembra que ainda em 2012, o
Terminal não havia saído daqui. Já em 2013 o Terminal diminuiu o movimento. Com
isso, perdemos vários empregos”, pontua.
Em
setembro de 2013, a então ALL – antes da fusão com a Rumo, que aconteceu agora
em 2015 - inaugurou o Complexo Intermodal Rondonópolis. Por conta disso, mais
da metade das operações de carga e descarga de fertilizantes, grãos de soja,
milho e farelo de soja, que antes eram realizadas no Terminal Ferroviário de
Alto Araguaia, passaram a ser feitas em Rondonópolis.
Contudo,
para a professora licenciada em computação, Juliana Silva, de 27 anos, mesmo com
as mudanças no Terminal, a Prefeitura Municipal é a principal responsável pela
perda de investimentos empresariais e pela queda na criação de empregos. “A
administração municipal deixou a desejar quanto a investimentos e apoios para
que empresas permanecessem em nossa cidade e para que outras chegassem. É sabido
de todos que Alto Araguaia compôs o grupo de um dos maiores polos industriais
de MT. E agora o fluxo todo foi transferido para Rondonópolis. Temos galpões
gigantescos desativados no Terminal. Mas a má governabilidade reflete em tudo”,
opina.
Juliana
está desemprega há seis meses e mora com os pais. Sem expectativa de encontrar
um trabalho em Alto Araguaia, se disse obrigada a mudar os objetivos
profissionais. “Estou estudando pra concurso, então parei de procurar por
emprego”, conta.
TRÊS ANOS E MEIO
NO VERMELHO
Em
2012, enquanto o emprego crescia no estado (aumento de 2,64%) e no Brasil (2,17%),
Alto Araguaia já dava pistas do retrocesso. Nesse ano, o número de postos de
trabalho no município caiu 6%. Foram 1.299 demissões e 1.152 trabalhadores
contratados.
No
ano seguinte, a queda foi de 3,17% (1.245 desligamentos e 1.172 contratações),
ao passo que o emprego cresceu novamente em Mato Grosso (1,49%) e no país (1,77%).
Já
em 2014 o estado também diminuiu as contratações em 0,48% e Alto Araguaia
apresentou pelo terceiro ano consecutivo resultado
negativo de 2% na geração de empregos (1.370 admissões contra 1.426 demissões).
O Brasil, no entanto, mesmo com a crise econômica, ainda segurou um saldo
positivo de 0,37%.
De
janeiro a maio desse ano, Alto Araguaia segue com dificuldades, pois gerou 467
empregos, enquanto foram demitidos 503 trabalhadores, o que equivale a um novo
balanço negativo de 3,95%. Mato Grosso, no entanto, se recupera e nesses cinco
primeiros meses acumula crescimento de 1,09% na criação de novos postos de trabalho.
Já em todo o Brasil houve um recuo de 1,71%.
POPULAÇÃO
RECLAMA
O
morador do Centro de Alto Araguaia, Eujones Márcio Silva de Almeida, 35 anos,
está desempregado há quatro meses. Ele veio de Rosário Oeste-MT há quase um ano
para residir com a esposa araguaiense. Seu último trabalho foi de
recepcionista de hotel, mas agora vive o drama do desemprego junto com a mulher.
“A população de Alto Araguaia está procurando empregos em outras cidades. Acho
que o prefeito precisa investir. Eu só estou aqui porque minha esposa é do
município, mas já procuro meios de ir para cidades mais próximas. Até estou
enviando currículos para outros lugares também”, afirma.
A estudante Andressa
Oliveira, 18 anos, que também está desempregada, aponta outro problema
enfrentado principalmente pelas pessoas que vem de outras cidades e que procuram
emprego. Trata-se de um dilema de ordem cultural. Segundo ela, muitas portas de
trabalho se abrem por indicação, o tradicional QI (quem indica). “Não tem vagas
de emprego e quando tem são mais direcionadas aos mais conhecidos e indicados
por outra pessoa. Meu último emprego, eu consegui por ter sido indicada”,
explica.
Fonte: Trabalho em Pauta
Texto: Ademilson Lopes
Data: 23/07/2015
Data: 23/07/2015
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