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2.10.15

Medo: Funcionários dos Correios de Alto Araguaia e Alto Taquari sofrem traumas psicológicos, após onda de assaltos

Medo, insônia, pessimismo, baixa autoestima, preocupação excessiva, ansiedade e impaciência. Estes são alguns dos sintomas típicos enfrentados por pessoas que sofrem um assalto. Sem conseguir apagar o episódio da memória, as vítimas acabam adoecendo e são acometidas pelo chamado transtorno de estresse pós-traumático, que afeta a vida social, familiar e profissional dos indivíduos. Alguns funcionários das agências dos Correios de Alto Araguaia e Alto Taquari passam por esta condição atualmente, após sucessivos episódios de roubo às respectivas agências.
(Imagem ilustrativa).

Só em 2015, a agência dos Correios de Alto Taquari foi assaltada três vezes. Em Alto Araguaia, aconteceram dois roubos e duas tentativas de assalto, somente este ano. Os ladrões procuram dinheiro, já que desde o ano passado os Correios funcionam como correspondentes do Banco do Brasil.

“Fui mantido como refém em dois assaltos, em um deles por uma hora e quarenta minutos. Colocaram a arma na minha cabeça e ameaçavam a gente de morte, dizendo: ‘entrega o dinheiro logo ou vai começar morrer gente aqui’. Ficavam engatilhando e desengatilhando o revólver, para intimidar. No outro (assalto) nos colocaram no banheiro e me obrigaram a amarrar outros quatro clientes e um funcionário da agência”, conta um servidor dos Correios de Alto Taquari - que não será identificado por razão de segurança – ao falar sobre os momentos de tensão vividos durante dois assaltos à agência daquele município.

Atualmente, ele apresenta o transtorno de estresse pós-traumático e necessita de acompanhamento psicológico. Segunda conta, o medo de um novo assalto tem prejudicado sua vida social, profissional, estudantil e familiar. O funcionário diz que já perdeu peso e não consegue relaxar, por conta da preocupação contínua.

A DIFERENÇA ENTRE SANTA RITA E ALTO ARAGUAIA

O Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios, Telégrafos e Serviços Postais de Mato Grosso (Sintect-MT) luta para que os sindicalizados contem com mais proteção nas agências do estado. Inclusive, o órgão deflagrou greve no mês passado, tendo como uma das pautas de reinvindicação a questão da segurança. As agências de Alto Araguaia e Alto Taquari não aderiram à paralisação, mas apoiaram o movimento grevista.

Embora sejam separadas apenas por cerca de um quilômetro, as agências dos Correios de Santa Rita do Araguaia e de Alto Araguaia apresentam diferenças substanciais quando o assunto é segurança. No lado goiano, foi instalada uma porta giratória com detector de metal há dois anos, o que impede a entrada de marginais em posse de arma de fogo. Além disso, desde 2012 a agência de Santa Rita conta com a presença de um vigilante armado.

Já em Alto Araguaia não há porta giratória. Somente há cerca de seis meses a agência contratou uma empresa de segurança, que disponibiliza um vigilante durante o expediente. Em Alto Taquari a situação ainda é pior, pois não há nem segurança e muito menos porta giratória.

O Sindicato que representa os funcionários dos Correios em Goiás conseguiu na Justiça obrigar todas as agências goianas - incluindo dos pequenos municípios -  a instalarem portas giratórias. É o que tenta o sindicato da categoria em Mato Grosso.

Em entrevista ao G1, o coordenador do departamento jurídico do Sintect-MT, Alexandre Bispo de Aragão, foi categórico. “Das 157 agências no estado, apenas 12 têm seguranças armados e porta giratória com detector de metal”.

No primeiro semestre deste ano, mais de 50 assaltos e furtos foram praticados nas agências do Correios em Mato Grosso. Eles estão sendo investigados pela Polícia Federal do estado. Segundo a assessoria da PF, são 51 inquéritos abertos até o final de junho para apurar os crimes, ocorridos em 35 cidades mato-grossenses.

Fonte: Trabalho em Pauta, com informações do G1/MT.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 02/10/2015.
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