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Acessuas Trabalho
13/03/2015
O supervisor acadêmico, Marlon Borges dos Santos, 36 anos, atua na SAA. (Foto: editoria). |
Esse é o menor número de ingressantes no curso pelo Sistema de Seleção
Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), desde que a Unemat aderiu a esta
opção, pois em 2013 foram 20 e em 2014, 13.
O campus oferece 40 vagas semestrais para Letras e inicialmente 338
pessoas haviam se inscrito pelo sistema unificado. Os outros dois cursos da
Unemat/Alto Araguaia, de bacharelado, ofertam o mesmo número de oportunidades
por semestre. Ciência da Computação teve a inscrição inicial de 337 estudantes,
mas apenas 21 haviam feito matrícula até a quinta chamada do Sisu (em 2013
foram 13 e em 2014, 25). Em Comunicação Social (Habilitação Jornalismo) a proporção
estava em 250 para 21 (nos anos anteriores o número de matriculados oscilou de
20 para 16). A Unemat
ofertou 2.140 vagas em dez campi pelo Sisu este ano.
O número de ingressantes no campus de Alto Araguaia só aumentou na
segunda-feira (09), em razão da abertura de vagas para a “lista de espera” da
Unemat aos estudantes que fizeram reopção de curso por meio do Sisu. Candidatos
que realizaram o Enem entre 2011 e 2014 e que não estão matriculados em uma
instituição de ensino superior pública também puderam optar por uma das vagas
ociosas.
Letras, então com três matrículas, recebeu mais quatro. Ciência da
Computação, com 19, teve o acréscimo de duas, assim como Comunicação. Até o
começo da semana, portanto, havia 33 vagas ociosas para Letras, 19 para
Computação e 19 para Comunicação (71 no total).
PREOCUPAÇÃO
Pela estatística apontada, a preocupação permanece em relação ao curso
de Letras. O professor doutor Danilo Persch, de 47 anos, coordenador do curso
de Letras e há sete anos docente na Unemat/Alto Araguaia, lamenta os
resultados. “Isso nos surpreendeu! Esse dado é preocupante para nós. Essa foi a
pior procura”, comenta.
Coordenador defende apenas um processo de seleção por ano e que entrada pelo Sisu seja de 50% das vagas. (Foto: editoria). |
Segundo o professor, para melhorar a condição do curso em Alto Araguaia,
é preciso que a universidade deixe de realizar dois processos de seleção por
ano (total de 80 vagas), pois não há tal demanda no município. O coordenador
menciona que a Unemat aderiu ao Sisu de forma precipitada e defende a oferta de
apenas 50% das vagas por este sistema.
Persh pensa, ainda, que o campus deve trazer um mestrado a área de
Letras, como forma de contribuir para o fortalecimento do curso. “Acho que nós
perdemos o bonde da história no curso quando deixamos de atrair pra cá um
mestrado”, opina.
FALTA DE OPÇÃO
A caloura Beatriz queria, na verdade, fazer Psicologia. (Foto: editoria) |
Mesmo os poucos alunos que decidiram cursar Letras têm dúvidas sobre a
escolha que fizeram. Entre eles está a caloura Beatriz Machado Ribeiro, de 16
anos. Natural de Mineiros-GO e morando há oito anos em Alto Araguaia, a
adolescente explica que decidiu pelo curso por falta de alternativa.
“Aqui não tem muita opção. Eu pretendia fazer Direito ou Psicologia, mas
vi que Letras pode me ajudar a fazer outros cursos. Eu quero terminar esse e
fazer Psicologia”, diz.
A amiga de Beatriz e estudante do 2° semestre de Letras, Gisele Marques
de Souza, de 19 anos, confessa que gostaria de estudar Medicina Veterinária.
Assim como a colega, ela não pretende continuar na área após se formar. “Não
quero seguir na profissão. Escolhi Letras por falta de opção”, conta.
DISTÂNCIA
Myriam Maria Vargas Nery, de 52 anos, é enfermeira e mora no Rio de
Janeiro. Ela passou na primeira chamada de Letras, em quarto lugar. Em
entrevista pelo facebook, explica que não teve condições de abandonar a vida
profissional e mudar em menos de um mês para Alto Araguaia.
“Adoraria estudar e morar em Mato Grosso, mas tudo ocorreu muito rápido.
Não esperava passar. Tive muita vontade, mas tenho mãe [que está doente] e
ficaria difícil deixá-la agora”, esclarece.
Sobre a escolha pelo curso de Letras da Unemat, Myriam afirma que
inicialmente estava se testando. “Queria me testar, afinal já deixei o ensino
médio e morar em Alto Araguaia seria fantástico. Coisas de gente sonhadora”,
acrescenta.
Ao ser perguntada sobre os fatores pelos quais não optou por
universidades mais próximas, conta que tinha medo de não passar. Com nota de
corte mais baixa [545,03 pontos no Enem] do que em outras instituições de
ensino superior da região Sudeste, o Sisu mostrava que a mulher conseguiria uma
vaga no curso.
“Poderia não conseguir pontos suficientes, mas não sabia ao certo como
funcionaria o Enem. E também escolhi um lugar que gostaria de viver. Poderia
ter escolhido São Paulo, Minas Gerais, que fica mais próximo do Rio”, enfatiza.
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