Publicado por
Unknown
Blog do Acessuas Trabalho
27/03/2015
Em dez anos, o número
médio de filhos nas famílias mais pobres do país caiu mais do que a média
brasileira, o que prova que as mães do Bolsa Família não têm mais filhos para
ganhar um benefício maior. Entre 2003 e 2013, enquanto o número de filhos até
14 anos caía 10,7% no Brasil, as famílias 20% mais pobres do país – faixa da
população que coincide com o público beneficiário do programa de complementação
de renda – registravam uma queda mais intensa: 15,7%. Para as mães das famílias
20% mais pobres do Nordeste, a queda foi ainda maior, alcançando 26,4% no
período analisado.
Os números de filhos até
14 anos por mulher, colhidos nas sucessivas edições da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, mostram que não passa de preconceito a
visão de que as mães beneficiárias do Bolsa Família procuram ter mais filhos
para receber mais dinheiro do governo. O pagamento por filho até 15 anos de
idade é de R$ 35 mensais. O valor pode chegar até R$ 77, no caso das famílias
extremamente pobres, sem nenhuma renda.
“Atribuem aos mais pobres
um comportamento oportunista em relação à maternidade, como se essas mães
fossem capazes de ter mais filhos em troca de dinheiro. Isso é puro
preconceito”, analisa a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Tereza Campello. “Quem diz isso não pensa quanto custa ter um filho. É óbvio
que este valor não paga o leite da criança e as despesas que virão depois. Além
disso, o preconceito parte do princípio de que o que move as pessoas para a
maternidade ou a paternidade é apenas uma motivação financeira.”
Os motivos da queda da
fecundidade vêm sendo analisados no Brasil. Entre eles, estão o maior acesso à
informação sobre os métodos contraceptivos e sobre a sexualidade, o aumento da
escolaridade da mulher jovem, a ampliação da urbanização e com ela o acesso aos
serviços médicos. “As mães do Bolsa Família têm de levar os filhos a cada seis
meses para o acompanhamento nos postos de saúde, o que ajuda a ampliar o acesso
à informação e aos contraceptivos”, lembra a ministra.
Em números absolutos, a
pesquisa mostra que, em 2013, as mães brasileiras tinham, em média, 1,6 filho
até 14 anos. Entre aquelas 20% mais pobres do Nordeste, a média foi de 2
filhos. Nas famílias 5% mais pobres do Nordeste, com perfil de extremamente
pobres, a média foi de 2,1 filhos.
“Com esses dados, me
pergunto por que algumas pessoas mantêm o preconceito de que pobres têm muitos
filhos. As pessoas que estigmatizam os pobres têm um comportamento semelhante
ao racismo ou estão desinformadas”, avalia Tereza Campello.
Mitos – Segundo a ministra, o mito de que o Bolsa Família
estimula o aumento do número de filhos não se sustenta ao longo dos 11 anos do
programa de complementação de renda. “Esse é um dos grandes mitos que envolvem
o Bolsa Família”, lembra.
Outra crença é que o
benefício estimula a preguiça e que o beneficiário não trabalha. As pesquisas
mostram que os adultos beneficiários participam tanto do mercado de trabalho
quanto os adultos que não são beneficiários. Três em cada quatro adultos do Bolsa
Família trabalham.
Além disso, pesquisa
recente do Instituto Data Popular aponta que 7 em cada 10 beneficiários do
Bolsa Família que moram em favelas trabalham. “É preciso deixar claro que o
benefício médio pago às famílias é de R$ 170 mensais. Esse valor serve para
complementar e não substituir a renda do trabalho”, destaca Tereza Campello.
Além de dar mais
autonomia às mulheres na decisão da maternidade, o Bolsa Família teve outros
impactos positivos, como a diminuição de partos prematuros e queda da
mortalidade de menores de cinco anos. Os resultados foram atingidos graças ao
acompanhamento pré-natal para gestantes e ao acompanhamento dos filhos nos
postos de saúde. Essas são contrapartidas obrigatórias dos beneficiários.
Informações sobre os programas do MDS:
0800-707-2003
mdspravoce.mds.gov.br
Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa
Nenhum comentário
Postar um comentário
Seja bem vindo ao blog do Acessuas Trabalho.