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18.9.15

Diretora ainda teme fechamento da Escola Maria Auxiliadora, mesmo após declarações de secretário

O possível fechamento da Escola Estadual Maria Auxiliadora, em Alto Araguaia, tem gerado polêmica. Temendo que a entidade realmente encerre as atividades e feche as portas, os pais de alunos matriculados na instituição lançaram um abaixo-assinado na quarta-feira (16), onde pedem apoio contra a medida. Já foram registradas cerca de mil assinaturas de moradores da cidade e de Santa Rita do Araguaia.
Alunos da escola durante atividades recreativas. (Foto: Assessoria).

DIRETORA AINDA TEME FECHAMENTO

O prefeito Maia Neto (PR) está em viagem a Cuiabá. Ele disse ontem (17), em entrevista por telefone concedida à TV Integração, que havia conversado com o secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto Filho, a respeito do assunto. Segundo Maia Neto, o secretário garantiu que não existe projeto de fechamento do Colégio Maria Auxiliadora.

Contudo, para a diretora da escola, a professora e freira Maria Eliete de Sousa, é natural que o secretário diga que não há projeto de fechamento, pois realmente não há nenhuma proposta que fale claramente que a instituição será fechada. O que existe, conforme ela, é um plano estratégico e camuflado que visa enfraquecer a entidade pouco a pouco, forçando futuramente o fechamento da escola.

Segundo Maria Eliete, um dos projetos anunciados pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) proíbe a escola de matricular novos alunos nas turmas do 2° ao 9º ano do ensino fundamental. Nesse caso, só permanece na entidade, no ano que vem, os alunos que já estão matriculados atualmente. Se essa ideia for à frente, em 2016, só poderão ser matriculados novos alunos no 1° ano do ensino fundamental. “Nunca se falou em fechamento realmente, mas como não vai entrar novos alunos, a escola um dia vai acabar fechando mesmo”, explica a diretora.

Entretanto. para entender o assunto de forma completa, é necessário esmiúça-lo bastante, diante da complexidade de informações.

CORTE DE GASTOS

O diretor da Escola Estadual Carlos Hugueney, professor Jean Merlin Rodrigues, conta que mais cedo ou mais tarde o Maria Auxiliadora terá que ser fechado, para contenção de gastos.

Segundo ele, no final de 2015, o Governo do Estado terá despendido quase R$ 100 mil reais no pagamento de aluguel do prédio onde funciona a Escola Maria Auxiliadora. São R$ 8.305,61 mensais.

“Em contrapartida, o prédio do Carlos Hugueney é próprio, e portanto, o Governo do Estado não precisa arcar com despesas de aluguel”, enaltece o diretor.

Além disso, no período vespertino, a Escola Carlos Hugueney conta com 14 salas de aula vazias, o que representa, no mínimo, vagas para 360 alunos. 

O Carlos Hugueney, mesmo com 18 salas de aula disponíveis, têm apenas 70 estudantes matriculados no turno da tarde, em quatro séries apenas – 5° ano do ensino fundamental e 1°, 2° e 3° anos do ensino médio.

Assim, para a Seduc, é injustificável pagar o aluguel do prédio do Maria Auxiliadora, enquanto existem vagas de sobra no Carlos Hugueney, cujo espaço físico já é do Governo Estadual.

“Se somar o que o Carlos Hugueney e a Arlinda Pessoa Morbeck recebem anualmente, não dá R$ 100 mil reais de repasses. Já o Maria Auxiliadora recebe isso tudo só para pagar o aluguel, fora os demais recursos que também são repassados. Quando a demanda de alunos em Alto Araguaia era alta e as escolas estavam cheias, é claro que o Governo tinha que pagar pelo Maria Auxiliadora. Mas já tem dez anos que o número de matrículas não cresce e tem vaga de sobra no Carlos Hugueney. Já não justifica mais arcar com aluguel de prédio particular”, defende Rodrigues.

PROPOSTAS DE REDIMENSIONAMENTO DAS ESCOLAS

A assessoria pedagógica de Alto Araguaia esteve reunida por três vezes esse mês – 10/09, 16/09 e 17/09 – com o objetivo de avaliar a sobra de vagas na Escola Carlos Hugueney. Técnicos da Seduc participaram da primeira reunião e apresentaram algumas propostas que se somaram às sugestões elaboradas ao longo dos encontros.

O projeto é chamado oficialmente de “Redimensionamento das Escolas Públicas de Alto Araguaia” e visa à redução de gastos públicos e o melhor aproveitamento da Escola Carlos Hugueney.

Ao longo dos três encontros e após muita discussão, cinco propostas principais foram discutidas:

1ª: transferir os alunos que estudam no turno matutino (6° ao 9° ano) da Escola Maria Auxiliadora, para o turno vespertino da Escola Carlos Hugueney. A proposta foi rejeitada, porque a assessoria pedagógica entendeu que a medida criaria conflito com os pais dos alunos, que seriam forçados a trocar o turno de estudo dos filhos.

As escolas municipais seriam responsáveis apenas pelo 1° ao 5° ano do ensino fundamental e o Estado passaria a atender todos os alunos do 6° ao 9° ano. A ideia foi parcialmente acatada, já que uma mudança repentina, já no ano que vem, prejudicaria a Escola Municipal José Inácio Fraga, que atualmente atende também as últimas séries do ensino fundamental. “O município irá continuar com a educação infantil e ensino fundamental (como está), sendo que gradativamente têm o interesse em abrir mão dos anos finais do ensino fundamental, à medida que os espaços escolares do município não forem suficientes para dar conta de toda a demanda da educação infantil e do ensino fundamental completo”, é o que disse a secretária municipal de Educação, Abilene Antonia de Queiroz, ontem (17), durante reunião na assessoria pedagógica. A proposta foi encaminhada para a Seduc.

3° - O professor Jean Merlin apresentou a ideia de o Carlos Hugueney abrir matrículas para todas as séries do ensino fundamental, no período vespertino, para ocupação de mais salas, e consequentemente, aproveitar o espaço físico e a estrutura do colégio. Além disso, o colégio também ofereceria do 6° ao 9° ano de manhã, mais o ensino médio, no período matutino; e o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), mais ensino médio, à noite. Assim, a entidade contaria com vagas para todas as séries do ensino fundamental e médio. A proposta também foi levada para a Seduc.

A professora Maria Eliete sugeriu que o Carlos Hugueney ofereça cursos profissionalizante integrados ao ensino médio, como forma de atrair novos alunos e aproveitar o espaço vazio. Porém, de acordo com Jean Merlin, embora a proposta não tenha sido descartada, o processo para implantação da ideia é complexo e demanda investimento em estrutura, equipamentos e mais laboratórios.

A mais polémica das propostas aponta que em 2016 a Escola Maria Auxiliadora só vai poder matricular alunos novos no 1° ano do ensino fundamental. Nas demais séries, apenas os atuais estudantes poderão se rematricular. Esse plano, a contragostos da diretora e coordenadores do Maria Auxiliadora, também foi enviado para a Seduc.

“TODOS ESTÃO CONTRA NÓS”

Agora, a Comissão de Microplanejamento da Seduc vai analisar as sugestões e definir qual plano será efetivamente adotado. Há uma forte chance de três ou quatro propostas se somarem, o que inevitavelmente vai prejudicar a Escola Maria Auxiliadora.

“Eu sinto é que todos estão contra nós e que o plano é tirar alunos do Maria Auxiliadora, até que a gente tenha mesmo que fechar salas e daqui a pouco a instituição também”, ressalta a coordenadora pedagógica do colégio, professora Ilce Maria Zanatta. Ela ainda disse que foi surpreendida com o assunto, apresentado na reunião da assessoria pedagógica realizada no dia 10.

A assessoria pedagógica vai se reunir novamente no dia 26 de setembro, mas até lá dificilmente a Seduc já tomou uma decisão.

MARIA AUXILIADORA: CULTURA E QUALIDADE DE ENSINO

São 88 anos de Instituto Maria Auxiliadora em Alto Araguaia, sendo que há 41 anos a instituição funciona como escola pública. O colégio possui hoje 672 alunos frequentes e atende do 1° ao 5° ano no turno vespertino, e do 6° ao 9° à tarde.

A Escola conquistou um conceito de qualidade no ensino, entre a população, além de fazer parte da cultura local. Por isso, o tema fechamento desperta a preocupação dos moradores, tanto pais de alunos ou não. Prova disso é o abaixo-assinado que já conta com cerca de mil assinaturas.

“Não há salas vagas aqui no Maria Auxiliadora. Na verdade, faltam salas, o que demonstra a confiança que a população deposita na gente”, argumenta a professora Maria Eliete.

Já para o professor Jean Merlin, o que garante a qualidade do ensino na Escola Maria Auxiliadora, são os professores. “Se a escola diminuir turmas ou fechar, os professores que atuam lá (Maria Auxiliadora) são efetivos e vão vir para o Carlos Hugueney e assim a qualidade continua a mesma”, rebate.

Fonte: Trabalho em Pauta.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 18/09/2015.
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