Publicado por
Unknown
O
possível fechamento da Escola Estadual Maria Auxiliadora, em Alto Araguaia, tem
gerado polêmica. Temendo que a entidade realmente encerre as atividades e feche
as portas, os pais de alunos matriculados na instituição lançaram um abaixo-assinado
na quarta-feira (16), onde pedem apoio contra a medida. Já foram registradas cerca
de mil assinaturas de moradores da
cidade e de Santa Rita do Araguaia.
Alunos da escola durante atividades recreativas. (Foto: Assessoria). |
DIRETORA AINDA
TEME FECHAMENTO
O
prefeito Maia Neto (PR) está em viagem a Cuiabá. Ele disse ontem (17), em
entrevista por telefone concedida à TV Integração, que havia conversado com o
secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto Filho, a respeito do assunto.
Segundo Maia Neto, o secretário garantiu que não existe projeto de fechamento
do Colégio Maria Auxiliadora.
Contudo,
para a diretora da escola, a professora e freira Maria Eliete de Sousa, é
natural que o secretário diga que não há projeto de fechamento, pois realmente
não há nenhuma proposta que fale claramente que a instituição será fechada. O
que existe, conforme ela, é um plano estratégico e camuflado que visa
enfraquecer a entidade pouco a pouco, forçando futuramente o fechamento da
escola.
Segundo
Maria Eliete, um dos projetos anunciados pela Secretaria de Estado de Educação
(Seduc) proíbe a escola de matricular novos alunos nas turmas do 2° ao 9º ano
do ensino fundamental. Nesse caso, só permanece na entidade, no ano que vem, os
alunos que já estão matriculados atualmente. Se essa ideia for à frente, em
2016, só poderão ser matriculados novos alunos no 1° ano do ensino fundamental.
“Nunca se falou em fechamento realmente, mas como não vai entrar novos alunos,
a escola um dia vai acabar fechando mesmo”, explica a diretora.
Entretanto. para entender o assunto de forma completa, é necessário esmiúça-lo bastante,
diante da complexidade de informações.
CORTE DE GASTOS
O
diretor da Escola Estadual Carlos Hugueney, professor Jean Merlin Rodrigues,
conta que mais cedo ou mais tarde o Maria Auxiliadora terá que ser fechado,
para contenção de gastos.
Segundo
ele, no final de 2015, o Governo do Estado terá despendido quase R$ 100 mil
reais no pagamento de aluguel do prédio onde funciona a Escola Maria
Auxiliadora. São R$ 8.305,61 mensais.
“Em
contrapartida, o prédio do Carlos Hugueney é próprio, e portanto, o Governo do Estado
não precisa arcar com despesas de aluguel”, enaltece o diretor.
Além
disso, no período vespertino, a Escola Carlos Hugueney conta com 14 salas de
aula vazias, o que representa, no mínimo, vagas para 360 alunos.
O Carlos Hugueney, mesmo com 18 salas de aula disponíveis, têm apenas 70 estudantes matriculados no turno da tarde, em quatro séries apenas – 5° ano do ensino fundamental e 1°, 2° e 3° anos do ensino médio.
O Carlos Hugueney, mesmo com 18 salas de aula disponíveis, têm apenas 70 estudantes matriculados no turno da tarde, em quatro séries apenas – 5° ano do ensino fundamental e 1°, 2° e 3° anos do ensino médio.
Assim,
para a Seduc, é injustificável pagar o aluguel do prédio do Maria Auxiliadora,
enquanto existem vagas de sobra no Carlos Hugueney, cujo espaço físico já é do
Governo Estadual.
“Se
somar o que o Carlos Hugueney e a Arlinda Pessoa Morbeck recebem anualmente,
não dá R$ 100 mil reais de repasses. Já o Maria Auxiliadora recebe isso tudo só
para pagar o aluguel, fora os demais recursos que também são repassados. Quando
a demanda de alunos em Alto Araguaia era alta e as escolas estavam cheias, é
claro que o Governo tinha que pagar pelo Maria Auxiliadora. Mas já tem dez anos
que o número de matrículas não cresce e tem vaga de sobra no Carlos Hugueney.
Já não justifica mais arcar com aluguel de prédio particular”, defende
Rodrigues.
PROPOSTAS DE
REDIMENSIONAMENTO DAS ESCOLAS
A
assessoria pedagógica de Alto Araguaia esteve reunida por três vezes esse mês –
10/09, 16/09 e 17/09 – com o objetivo de avaliar a sobra de vagas na Escola
Carlos Hugueney. Técnicos da Seduc participaram da primeira reunião e
apresentaram algumas propostas que se somaram às sugestões elaboradas ao longo
dos encontros.
O
projeto é chamado oficialmente de “Redimensionamento das Escolas Públicas de
Alto Araguaia” e visa à redução de gastos públicos e o melhor aproveitamento da
Escola Carlos Hugueney.
Ao
longo dos três encontros e após muita discussão, cinco propostas principais
foram discutidas:
1ª:
transferir os alunos que estudam no
turno matutino (6° ao 9° ano) da Escola Maria Auxiliadora, para o turno vespertino
da Escola Carlos Hugueney. A proposta foi rejeitada, porque a assessoria
pedagógica entendeu que a medida criaria conflito com os pais dos alunos, que
seriam forçados a trocar o turno de estudo dos filhos.
2ª
As escolas municipais seriam
responsáveis apenas pelo 1° ao 5° ano do ensino fundamental e o Estado passaria
a atender todos os alunos do 6° ao 9° ano. A ideia foi parcialmente
acatada, já que uma mudança repentina, já no ano que vem, prejudicaria a Escola
Municipal José Inácio Fraga, que atualmente atende também as últimas séries do
ensino fundamental. “O município irá continuar com a educação infantil e ensino
fundamental (como está), sendo que gradativamente têm o interesse em abrir mão
dos anos finais do ensino fundamental, à medida que os espaços escolares do
município não forem suficientes para dar conta de toda a demanda da educação
infantil e do ensino fundamental completo”, é o que disse a secretária
municipal de Educação, Abilene Antonia de Queiroz, ontem (17), durante reunião
na assessoria pedagógica. A proposta foi encaminhada para a Seduc.
3°
- O professor Jean Merlin apresentou a
ideia de o Carlos Hugueney abrir matrículas para todas as séries do ensino
fundamental, no período vespertino, para ocupação de mais salas, e
consequentemente, aproveitar o espaço físico e a estrutura do colégio. Além
disso, o colégio também ofereceria do 6° ao 9° ano de manhã, mais o ensino
médio, no período matutino; e o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), mais ensino
médio, à noite. Assim, a entidade contaria com vagas para todas as séries do
ensino fundamental e médio. A proposta também foi levada para a Seduc.
4°
A professora Maria Eliete sugeriu que o
Carlos Hugueney ofereça cursos profissionalizante integrados ao ensino médio,
como forma de atrair novos alunos e aproveitar o espaço vazio. Porém, de
acordo com Jean Merlin, embora a proposta não tenha sido descartada, o processo
para implantação da ideia é complexo e demanda investimento em estrutura, equipamentos
e mais laboratórios.
5°
A mais polémica das propostas aponta que
em 2016 a Escola Maria Auxiliadora só vai poder matricular alunos novos no 1°
ano do ensino fundamental. Nas demais séries, apenas os atuais estudantes
poderão se rematricular. Esse plano, a contragostos da diretora e
coordenadores do Maria Auxiliadora, também foi enviado para a Seduc.
“TODOS ESTÃO
CONTRA NÓS”
Agora,
a Comissão de Microplanejamento da Seduc vai analisar as sugestões e definir
qual plano será efetivamente adotado. Há uma forte chance de três ou quatro
propostas se somarem, o que inevitavelmente vai prejudicar a Escola Maria
Auxiliadora.
“Eu
sinto é que todos estão contra nós e que o plano é tirar alunos do Maria
Auxiliadora, até que a gente tenha mesmo que fechar salas e daqui a pouco a
instituição também”, ressalta a coordenadora pedagógica do colégio, professora
Ilce Maria Zanatta. Ela ainda disse que foi surpreendida com o assunto, apresentado
na reunião da assessoria pedagógica realizada no dia 10.
A
assessoria pedagógica vai se reunir novamente no dia 26 de setembro, mas até lá
dificilmente a Seduc já tomou uma decisão.
MARIA AUXILIADORA:
CULTURA E QUALIDADE DE ENSINO
São
88 anos de Instituto Maria Auxiliadora em Alto Araguaia, sendo que há 41 anos a
instituição funciona como escola pública. O colégio possui hoje 672 alunos
frequentes e atende do 1° ao 5° ano no turno vespertino, e do 6° ao 9° à tarde.
A
Escola conquistou um conceito de qualidade no ensino, entre a população, além
de fazer parte da cultura local. Por isso, o tema fechamento desperta a preocupação
dos moradores, tanto pais de alunos ou não. Prova disso é o abaixo-assinado que
já conta com cerca de mil assinaturas.
“Não
há salas vagas aqui no Maria Auxiliadora. Na verdade, faltam salas, o que
demonstra a confiança que a população deposita na gente”, argumenta a
professora Maria Eliete.
Já
para o professor Jean Merlin, o que garante a qualidade do ensino na Escola
Maria Auxiliadora, são os professores. “Se a escola diminuir turmas ou fechar,
os professores que atuam lá (Maria Auxiliadora) são efetivos e vão vir para o
Carlos Hugueney e assim a qualidade continua a mesma”, rebate.
Fonte: Trabalho em Pauta.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 18/09/2015.
Nenhum comentário
Postar um comentário
Seja bem vindo ao blog do Acessuas Trabalho.