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17.9.14

Alto Araguaia: Programa Acessuas quer reduzir desigualdades entre homens e mulheres no emprego

A ação visa equilibrar o mercado de trabalho em Alto Araguaia, no qual as mulheres ainda são minoria e recebem salários mais baixos.

Da assessoria de imprensa do Acessuas Trabalho

A mulher ainda encontra dificuldades na busca de emprego.
Mesmo assim, elas vão conquistando espaço pouco a pouco
 e contam com o apoio da Prefeitura de Alto Araguaia.
Os homens representam a maioria dos trabalhadores com carteira assinada no município de Alto Araguaia: até dezembro do ano passado, eram 1.918 empregados do sexo masculino (62,82%) contra 1.135 mulheres no mercado formal (37,17%). Além disso, em alguns setores, eles ganham o dobro dos salários. Os números são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que é divulgada anualmente. 
Na posse dos dados, a Prefeitura pretende melhorar a estatística na cidade. A meta é apoiar as mulheres na busca de emprego, por meio do Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho), que por sua vez está ligado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social. Já a partir desse mês, o projeto irá focar as suas ações no público feminino. 
Projeções da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social apontam que são mais de 800 cidadãos recebendo Bolsa Família na cidade. E mesmo que não exista um número exato, justamente as mulheres são a grande maioria entre eles. Outro detalhe, de acordo com a coordenação do Acessuas Trabalho, é que essas mesmas mulheres que estão recebendo o Bolsa Família, igualmente estão desempregadas. Da mesma forma, no conjunto das pessoas que procuram a ajuda do Acessuas na busca de trabalho, a maioria também é do sexo feminino. 
“No nosso cadastro, percebemos que a quantidade de mulheres que procuram atendimento do Acessuas precisando de trabalho é bem maior que o percentual de homens”, ressalta Kátia Nabiane Menzotti da Silva, funcionária técnica do programa. 
O Acessuas atende prioritariamente os usuários da assistência social, entre eles, as pessoas que recebem o Bolsa Família. O objetivo do projeto é apoiar as famílias de baixa renda na conquista de um emprego, na capacitação profissional e na criação de pequenos negócios. Tudo isso para possibilitar que a população mais carente melhore os rendimentos e conquiste autonomia financeira.

Ações para equilibrar o mercado de trabalho

Para aumentar a quantidade de mulheres empregadas, o Acessuas possui um plano estratégico.  E a prefeitura foi a responsável pelo primeiro passo, pois investe em cursos profissionalizantes gratuitos para a população. Atualmente, o Senac, o Senai, o Senar e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), polo de Alto Araguaia, mantêm parcerias com o governo municipal que garantem vagas em diversas áreas de formação profissional durante o ano todo.  
“A garantia de um emprego depende de qualificação. Essa é a palavra chave em matéria de trabalho. As mulheres só irão assinar a carteira, se estiverem preparadas para o mercado, que é exigente”, aponta Kátia.
Na luta por um mercado de trabalho mais equilibrado, um dos principais objetivos do Acessuas é conscientizar as mulheres que recebem o Bolsa Família a se matricularem nos cursos disponíveis. Esse trabalho é feito por meio de palestras e visitas domiciliares.  Kátia conta que a partir do momento em que uma mulher termina uma formação profissional, é imediatamente incluída em um cadastro do Acessuas, chamado de “Cadastro para o Acesso ao Emprego”.
           Após esse cadastramento, a interessada será encaminhada para as empresas que abrirem vagas, já que a entidade possuir parceria firmada com o Sine municipal.
A coordenação do Acessuas também adiantou que irá investir no diálogo com o setor empresarial do município para incentivar a contratação de pessoas do sexo feminino.

A distribuição das mulheres no mercado de trabalho em Alto Araguaia

Em Alto Araguaia, a maioria das trabalhadoras está prestando serviços no funcionalismo público: são 481, o que representa 42,37% do total de trabalhadoras empregadas. Ainda de acordo com o ranking de ocupações para mulheres no município, o comércio vem logo atrás, com 289 contratadas (25,46%). Na sequência, aparecem o setor de serviços com 212 trabalhadoras (18,67%), 86 (7,57%) na indústria de transformação e 63 vínculos empregatícios (5,55%) na agropecuária. A áreas de construção civil, extração mineral e serviços industriais somam juntas quatro empregos para pessoas do sexo feminino (0,35%).

Diferença nos salários

Além disso, as mulheres ainda ganham menos do que os homens quando comparados os mesmos postos de trabalho. Em todas as esferas pesquisadas, a média salarial da mulher é mais baixa.
A maior diferença está no setor de serviços, entre as áreas com número significativo de mulheres empregadas.  Nesse setor, a média salarial em 2013 para os homens foi de R$ 2.329,91 enquanto a remuneração média para as trabalhadoras foi de R$ 1.159,56. Isso significa que as mulheres receberam apenas 49,76% do que ganharam os homens.
Na indústria de transformação, a diferença na média salarial entre os sexos é de R$ 476,82. Na agropecuária sobe para R$ 576,59, enquanto no comércio chega a R$ 155,50 e no funcionalismo público alcança R$ 216,67.


Análise dos números

A técnica administrativa, Divina Josiane Ferreira - que atua no departamento de recursos humanos de uma empresa em Alto Araguaia, - analisou os  números da Rais no município. Para ela, a questão é fundamentalmente cultural.

“Os empregadores ainda não confiam completamente na mulher. Existe um pensamento de que o homem sabe tudo, pode tudo e a mulher não. Além disso, uma empresa que vai contratar uma mulher precisa investir em banheiros, refeitórios e um ambiente mais adequado, o que acaba dificultando. Quanta à remuneração, em todos os setores o homem ganha mais do que a mulher. Para mim, isso é uma questão de berço, é cultural, fomos ensinados assim, se tornou uma tradição. Só que agora no século XXI. a mulher está conquistando mais autonomia aos poucos”, disse Divina.

Mulheres são maioria nos cursos de capacitação

A coordenação do Acessuas Trabalho esclareceu que inevitavelmente o mercado de trabalho na cidade terá que abrir vagas para mulheres em um futuro bem próximo. Motivo: o público feminino forma a maior parte dos inscritos nos cursos de capacitação profissional. 
Exemplo disso ocorre no curso de auxiliar administrativo, que está acontecendo atualmente no Senai, pelo Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Das 20 pessoas inscritas, somente cinco são homens.
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