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A ação visa
equilibrar o mercado de trabalho em Alto Araguaia, no qual as mulheres ainda
são minoria e recebem salários mais baixos.
Da assessoria de imprensa do Acessuas Trabalho
A mulher ainda encontra dificuldades na busca de emprego. Mesmo assim, elas vão conquistando espaço pouco a pouco e contam com o apoio da Prefeitura de Alto Araguaia. |
Os homens
representam a maioria dos trabalhadores com carteira assinada no município de
Alto Araguaia: até dezembro do ano passado, eram 1.918 empregados do sexo
masculino (62,82%) contra 1.135 mulheres no mercado
formal (37,17%). Além disso, em alguns setores, eles ganham o dobro dos
salários. Os números são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que é divulgada anualmente.
Na posse dos dados,
a Prefeitura pretende melhorar a estatística na cidade. A meta é apoiar as
mulheres na busca de emprego, por meio do Programa Nacional de Promoção do
Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho), que por sua vez está ligado à
Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social. Já a partir desse
mês, o projeto irá focar as suas ações no público feminino.
Projeções da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social apontam que são
mais de 800 cidadãos recebendo Bolsa Família na cidade. E mesmo que não exista
um número exato, justamente as mulheres são a grande maioria entre eles. Outro
detalhe, de acordo com a coordenação do Acessuas Trabalho, é que essas mesmas
mulheres que estão recebendo o Bolsa Família, igualmente estão desempregadas.
Da mesma forma, no conjunto das pessoas que procuram a ajuda do Acessuas na
busca de trabalho, a maioria também é do sexo feminino.
“No nosso cadastro,
percebemos que a quantidade de mulheres que procuram atendimento do Acessuas
precisando de trabalho é bem maior que o percentual de homens”, ressalta Kátia
Nabiane Menzotti da Silva, funcionária técnica do programa.
O Acessuas atende
prioritariamente os usuários da assistência social, entre eles, as pessoas que
recebem o Bolsa Família. O objetivo do projeto é apoiar as famílias de baixa
renda na conquista de um emprego, na capacitação profissional e na criação de
pequenos negócios. Tudo isso para possibilitar que a população mais carente
melhore os rendimentos e conquiste autonomia financeira.
Ações para equilibrar o mercado de
trabalho
Para aumentar a
quantidade de mulheres empregadas, o Acessuas possui um plano estratégico. E
a prefeitura foi a responsável pelo primeiro passo, pois investe em cursos
profissionalizantes gratuitos para a população. Atualmente, o Senac, o Senai, o
Senar e a Universidade Aberta do Brasil (UAB), polo de Alto Araguaia, mantêm
parcerias com o governo municipal que garantem vagas em diversas áreas de
formação profissional durante o ano todo.
“A garantia de um
emprego depende de qualificação. Essa é a palavra chave em matéria de trabalho.
As mulheres só irão assinar a carteira, se estiverem preparadas para o mercado,
que é exigente”, aponta Kátia.
Na luta por um
mercado de trabalho mais equilibrado, um dos principais objetivos do Acessuas é
conscientizar as mulheres que recebem o Bolsa Família a se matricularem nos
cursos disponíveis. Esse trabalho é feito por meio de palestras e visitas
domiciliares. Kátia conta que a partir do momento em que uma mulher
termina uma formação profissional, é imediatamente incluída em um cadastro do
Acessuas, chamado de “Cadastro para o Acesso ao Emprego”.
Após esse cadastramento, a interessada será encaminhada
para as empresas que abrirem vagas, já que a entidade possuir parceria firmada
com o Sine municipal.
A coordenação do
Acessuas também adiantou que irá investir no diálogo com o setor empresarial do
município para incentivar a contratação de pessoas do sexo feminino.
A distribuição das mulheres no
mercado de trabalho em Alto Araguaia
Em Alto Araguaia, a
maioria das trabalhadoras está prestando serviços no funcionalismo público: são
481, o que representa 42,37% do total de trabalhadoras empregadas. Ainda de
acordo com o ranking de ocupações para mulheres no município, o comércio vem
logo atrás, com 289 contratadas (25,46%). Na sequência, aparecem o setor de
serviços com 212 trabalhadoras (18,67%), 86 (7,57%) na indústria de
transformação e 63 vínculos empregatícios (5,55%) na agropecuária. A áreas
de construção civil, extração mineral e serviços industriais somam juntas
quatro empregos para pessoas do sexo feminino (0,35%).
Diferença nos salários
Além disso, as
mulheres ainda ganham menos do que os homens quando comparados os mesmos postos
de trabalho. Em todas as esferas pesquisadas, a média salarial da mulher é mais
baixa.
A maior diferença
está no setor de serviços, entre as áreas com número significativo de mulheres
empregadas. Nesse setor, a média salarial em 2013 para os homens foi
de R$ 2.329,91 enquanto a remuneração média para as trabalhadoras foi de R$
1.159,56. Isso significa que as mulheres receberam apenas 49,76% do que
ganharam os homens.
Na indústria de
transformação, a diferença na média salarial entre os sexos é de R$ 476,82. Na
agropecuária sobe para R$ 576,59, enquanto no comércio chega a R$ 155,50 e no
funcionalismo público alcança R$ 216,67.
Análise dos números
A técnica
administrativa, Divina
Josiane Ferreira - que atua no departamento de recursos humanos de uma empresa em Alto Araguaia, - analisou os números da Rais no município. Para ela, a questão é
fundamentalmente cultural.
“Os empregadores ainda não confiam completamente na
mulher. Existe um pensamento de que o homem sabe tudo, pode tudo e a mulher
não. Além disso, uma empresa que vai contratar uma mulher precisa investir em
banheiros, refeitórios e um ambiente mais adequado, o que acaba dificultando.
Quanta à remuneração, em todos os setores o homem ganha mais do que a mulher.
Para mim, isso é uma questão de berço, é cultural, fomos ensinados assim, se
tornou uma tradição. Só que agora no século XXI. a mulher está conquistando
mais autonomia aos poucos”, disse Divina.
Mulheres são maioria nos cursos de
capacitação
A coordenação do
Acessuas Trabalho esclareceu que inevitavelmente o mercado de trabalho na
cidade terá que abrir vagas para mulheres em um futuro bem próximo. Motivo: o
público feminino forma a maior parte dos inscritos nos cursos de capacitação
profissional.
Exemplo disso
ocorre no curso de auxiliar administrativo, que está acontecendo atualmente no
Senai, pelo Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec). Das 20 pessoas inscritas, somente cinco são homens.
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