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Acessuas Trabalho
17/03/2015
Caso as sugestões sejam aceitas, serão levadas aos demais países que integram o acordo: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. (Foto: Agência Brasil). |
Escreve-se Lava-jato ou
lava jato? Hora extra ou hora-extra? O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
passa a ser obrigatório no ano que vem, mas, para a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), ainda deixa dúvidas na grafia de
palavras como essas, que ainda não constam no dicionário da língua
portuguesa. Para buscar maior clareza, a OAB decidiu conversar com representantes
do governo e da Academia Brasileira de Letras (ABL) para propor mudanças nas
regras do acordo.
A reunião de ontem (16)
foi no Itamaraty e hoje (17) está ocorrendo discussão com membros da ABL. A
intenção é que, até setembro, sejam consolidadas mudanças para eliminar as
brechas na grafia de determinadas palavras. "O acordo ainda não está
claro. Queremos fazer algo mais lógico. A língua não é feita para intelectuais.
O povo tem que saber grafar. Perde-se muito tempo sendo alfabetizado", diz
o especialista em língua portuguesa e representante da OAB para Assuntos sobre
Nova Ortografia, professor Carlos André Nunes.
No Itamaraty, Nunes
reuniu-se com o secretário Jorge Tavares, do Departamento do Itamaray para
Promoção da Língua Portuguesa. A OAB pediu uma cadeira na comissão nacional que
acompanha o Tratado Internacional do Acordo Ortográfico. Para tanto, deve se
reunir ainda com representantes do Ministério da Educação e novamente com o
pessoal do Itamaraty. Uma reunião com a comissão deverá ser marcada, "o
mais breve possível", para discussão técnica de possíveis mudanças.
Uma das principais
questões em debate é o uso do hífen. A tão escrita Lava Jato, que dá nome à
operação da Polícia Federal que investiga desvio de recursos na Petrobras,
entra no rol das palavras duvidosas. "A imprensa grafa de todas as
maneiras, com e sem hífen. O acordo não está claro. Quando duas palavras se
juntam e dão origem a outra palavra, tem hífen. Mas, segundo a academia, quando
perde-se a noção de composição e não se sabe a origem da palavra, como é o
caso, não se usa o hífen", explica Nunes.
Há dúvidas também em
palavras usadas no meio jurídico, como hora extra, que pode ser usada com
hífen, caso se entenda que é um termo único, ou sem ele, quando se entende o
termo como uma hora extraordinária. No último caso, extra é característica da
hora.
Outras dúvidas surgem no
uso das letras maiúsculas ou minúsculas, como no caso de país. A OAB vai
sugerir que a palavra seja grafada com a letra maiúscula quando se referir a um
termo já citado. Por exemplo, se um texto mencionar Brasil e logo em seguida
país, escreve-se País. A OAB também não está satisfeita com a eliminação do
trema, que, segundo a entidade, é fundamental para definir a pronúncia de
determinadas palavras.
Segundo Nunes, a questão
passa a ser competência da OAB na medida em que consta da Constituição Federal,
devendo, portanto, ser protegida pela entidade.
O acordo que visa à
padronização das regras ortográficas foi assinado em 1990 com outros países da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). No Brasil, o acordo foi
ratificado em setembro de 2008 e as novas regras já estão em uso, embora em
caráter não obrigatório, desde 1º de janeiro de 2009. Caso as sugestões sejam
aceitas, serão levadas aos demais países que integram o acordo: Angola, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
A OAB solicitou
audiências também com o Senado e a Casa Civil da Presidência da República, e
espera que haja posicionamento de ambos quanto ao agendamento até o final desta
semana.
Fonte: Agência Brasil.
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