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14.8.15

Queda no aluguel revela crise econômica em Alto Araguaia

Definitivamente, Alto Araguaia vive um momento econômico ruim. O número significativo de casas com placas de “aluga-se” denuncia isso. Em um tempo melhor, quando eu mudei para a cidade, em março de 2013, enfrentei dificuldades na busca de uma residência para alugar. Naquela época, a demanda era tão alta, que a maioria dos proprietários nem precisava usar placas anunciando o aluguel de imóveis. Ao chegar aqui, até estranhei essa conduta. Precisei de muita persistência e troca de informações no boca a boca, até localizar uma casa razoável (diante do que eu precisava naquele momento, principalmente no que dizia respeito ao tamanho) em Santa Rita do Araguaia.
Chegada a Alto Araguaia, na divisa com Santa Rita do Araguaia. (Foto: Brasil Gigante).
Só que agora, a realidade é bem diferente. Alguns exemplos comprovam minha afirmação.

Na rua Jerônimo Samita Maia, no mesmo quarteirão depois da feira livre, em direção a Alto Taquari, duas casas estão com placas de “aluga-se”, quase do lado uma  da outra, há mais de um mês, . Uma esquina depois, na Rua Antonio Aires Fávero, praticamente em frente à Secretária Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, um cavalete na calçada informa o aluguel de outra residência.

Na avenida Carlos Hugueney, na região central de Alto Araguaia, perto do Banco do Brasil, é difícil acreditar que um prédio comercial está fechado há dois meses. Mais uma vez o anúncio “aluga-se” aparece em uma placa pendurada na porta e até pintado nas janelas do estabelecimento. E olha que se trata de um imóvel com boa estrutura de pintura, fachada, tamanho, divisão, além da excelente localização.

Usei a expressão “difícil acreditar”, pois trata-se de uma área que no passado foi muito cobiçada por comerciantes, que precisavam de sorte para conseguir um prédio na avenida Carlos Hugueney.

A proprietária do imóvel e professora Telma Echivarria, 45 anos, disse que os dois últimos inquilinos que alugaram o prédio - naturalmente comerciantes - romperam o contrato por causa da queda nas vendas. Ela defende que isso aconteceu em razão da crise econômica enfrentada pelo país, combinada com a redução das operações do Terminal Ferroviário de Alto Araguaia.

“Ficou difícil para o comerciante manter o aluguel de um espaço (físico). Em minha opinião, isso é resultado, em parte, da diminuição das operações do Terminal, mas principalmente por causa da crise econômica no Brasil. Digo isso porque mesmo com o problema do Terminal, o aluguel ainda se manteve (estável) em Alto Araguaia e só piorou depois da crise. Agora as duas coisas se juntaram.”, opina a professora.

Não existem estatísticas oficiais sobre o preço médio e nem mesmo acerca da quantia de imóveis alugados em Santa Rita ou Alto Araguaia, mas ousamos afirmar que o valor do aluguel também sofreu impactos por aqui.

O proprietário de uma das casas citadas na rua Jerônimo Samita Maia, disse que já reduziu em 20% o valor do aluguel, mas ainda continua com a residência fechada há mais de um mês. Ele pediu para que seu nome não fosse informado, temendo prejuízos financeiros, mas conforme explica, a baixa geração de empregos em Alto Araguaia é a principal responsável pela queda do aluguel.

“Tem menos gente na cidade, já que as pessoas estão indo embora, por falta de emprego. As obras por aqui, como no caso da Schain (responsável pela construção de linhas de transmissão de energia elétrica de Rondonópolis-MT a Serranópolis-GO), acabaram. O movimento no Terminal (Ferroviário) também diminuiu. Com isso, já tem um ano que o aluguel caiu por aqui”, defende o proprietário.

E as quedas não se restringem apenas ao aluguel. A venda de casas e terrenos também diminuiu, conforme o corretor de imóveis, Amadeus Niedermayer, de 77 anos. “A venda vem caindo bastante há uns três anos. As firmas, como a Schain e lá no Terminal, foram embora e muitas pessoas acabaram despachadas (demitidas). Ai os negócios diminuem mesmo”, explica.

Segundo matéria publicada aqui no Trabalho em Pauta, no dia 23/07, o desemprego na cidade aumenta vertiginosamente desde 2012. O município fechou os últimos três anos no vermelho e ao final de todos eles o balanço mostra que a quantidade de demissões foi maior que o número de contratações.

Em Alto Araguaia, as estatísticas revelam que de janeiro de 2012 até maio de 2015 foram efetuadas 4.161 admissões contra 4.473 dispensas, o que representa uma redução de 3,62% na quantia de postos de trabalho ao longo desse período.

O percentual de 3,62% (equivalente a 312 postos de emprego a menos) pode até parecer pequeno em um município com um pouco mais de 17 mil habitantes. Mas em uma comparação hipotética, se o estado tivesse reduzido 3,62% das suas vagas de trabalho nesse período, 55.138 empregos deixariam de existir. No Brasil, o mesmo percentual corresponderia a mais de 2,5 milhões de desempregados.

Para o proprietário da casa situada na rua Jerônimo Samita Maia, o município tem que atrair novas empresas para Alto Araguaia, gerando com isso mais empregos diretos e indiretos e reaquecendo novamente o mercado imobiliário.

Fonte: Trabalho em Pauta.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 14/08/3015.
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