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Unknown
Definitivamente,
Alto Araguaia vive um momento econômico ruim. O número significativo de casas
com placas de “aluga-se” denuncia isso. Em um tempo melhor, quando eu mudei para a cidade, em março
de 2013, enfrentei dificuldades na busca de uma residência para alugar. Naquela
época, a demanda era tão alta, que a maioria dos proprietários nem precisava
usar placas anunciando o aluguel de imóveis. Ao chegar aqui, até estranhei essa
conduta. Precisei de muita persistência e troca de informações no boca a boca,
até localizar uma casa razoável (diante do que eu precisava naquele momento,
principalmente no que dizia respeito ao tamanho) em Santa Rita do Araguaia.
Chegada a Alto Araguaia, na divisa com Santa Rita do Araguaia. (Foto: Brasil Gigante). |
Só
que agora, a realidade é bem diferente. Alguns exemplos comprovam minha
afirmação.
Na
rua Jerônimo Samita Maia, no mesmo quarteirão depois da feira livre, em direção a Alto
Taquari, duas casas estão com placas de “aluga-se”, quase do lado uma da outra, há mais de um mês, . Uma
esquina depois, na Rua Antonio Aires Fávero, praticamente em frente à Secretária
Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, um cavalete na calçada
informa o aluguel de outra residência.
Na
avenida Carlos Hugueney, na região central de Alto Araguaia, perto do Banco do
Brasil, é difícil acreditar que um prédio comercial está fechado há dois meses.
Mais uma vez o anúncio “aluga-se” aparece em uma placa pendurada na porta e até
pintado nas janelas do estabelecimento. E olha que se trata de um imóvel com
boa estrutura de pintura, fachada, tamanho, divisão, além da excelente
localização.
Usei
a expressão “difícil acreditar”, pois trata-se de uma área que no passado foi
muito cobiçada por comerciantes, que precisavam de sorte para conseguir um
prédio na avenida Carlos Hugueney.
A
proprietária do imóvel e professora Telma Echivarria, 45 anos, disse que os
dois últimos inquilinos que alugaram o prédio - naturalmente comerciantes -
romperam o contrato por causa da queda nas vendas. Ela defende que isso aconteceu
em razão da crise econômica enfrentada pelo país, combinada com a redução das
operações do Terminal Ferroviário de Alto Araguaia.
“Ficou
difícil para o comerciante manter o aluguel de um espaço (físico). Em minha
opinião, isso é resultado, em parte, da diminuição das operações do Terminal,
mas principalmente por causa da crise econômica no Brasil. Digo isso porque
mesmo com o problema do Terminal, o aluguel ainda se manteve (estável) em Alto
Araguaia e só piorou depois da crise. Agora as duas coisas se juntaram.”, opina
a professora.
Não
existem estatísticas oficiais sobre o preço médio e nem mesmo acerca da quantia de
imóveis alugados em Santa Rita ou Alto Araguaia, mas ousamos afirmar que o
valor do aluguel também sofreu impactos por aqui.
O
proprietário de uma das casas citadas na rua Jerônimo Samita Maia, disse que já
reduziu em 20% o valor do aluguel, mas ainda continua com a residência fechada
há mais de um mês. Ele pediu para que seu nome não fosse informado, temendo
prejuízos financeiros, mas conforme explica, a baixa geração de empregos em
Alto Araguaia é a principal responsável pela queda do aluguel.
“Tem
menos gente na cidade, já que as pessoas estão indo embora, por falta de
emprego. As obras por aqui, como no caso da Schain (responsável pela construção
de linhas de transmissão de energia elétrica de Rondonópolis-MT a
Serranópolis-GO), acabaram. O movimento no Terminal (Ferroviário) também
diminuiu. Com isso, já tem um ano que o aluguel caiu por aqui”, defende o
proprietário.
E
as quedas não se restringem apenas ao aluguel. A venda de casas e terrenos
também diminuiu, conforme o corretor de imóveis, Amadeus Niedermayer, de 77
anos. “A venda vem caindo bastante há uns três anos. As firmas, como a Schain e
lá no Terminal, foram embora e muitas pessoas acabaram despachadas (demitidas).
Ai os negócios diminuem mesmo”, explica.
Segundo
matéria publicada aqui no Trabalho em
Pauta, no dia 23/07, o desemprego na cidade aumenta vertiginosamente desde
2012. O município fechou os últimos três anos no vermelho e ao final de todos
eles o balanço mostra que a quantidade de demissões foi maior que o número de
contratações.
Em
Alto Araguaia, as estatísticas revelam que de janeiro de 2012 até maio de 2015
foram efetuadas 4.161 admissões contra 4.473 dispensas, o que representa uma
redução de 3,62% na quantia de postos de trabalho ao longo desse período.
O
percentual de 3,62% (equivalente a 312 postos de emprego a menos) pode até
parecer pequeno em um município com um pouco mais de 17 mil habitantes. Mas em
uma comparação hipotética, se o estado tivesse reduzido 3,62% das suas vagas de
trabalho nesse período, 55.138 empregos deixariam de existir. No Brasil, o
mesmo percentual corresponderia a mais de 2,5 milhões de desempregados.
Para
o proprietário da casa situada na rua Jerônimo Samita Maia, o município tem que
atrair novas empresas para Alto Araguaia, gerando com isso mais empregos
diretos e indiretos e reaquecendo novamente o mercado imobiliário.
Fonte: Trabalho em Pauta.
Texto: Ademilson Lopes.
Data: 14/08/3015.
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